Desemprego recua para 8,7% no terceiro trimestre, com novo recorde de trabalhadores sem carteira assinada

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 8,7% no terceiro trimestre deste ano. Esta é a menor taxa desde o trimestre encerrado em junho de 2015 (8,4%).

Vagas de emprego — Foto: Reprodução/Governo de Goiás

G1

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (27) pelo IBGE.

A taxa representa queda de 0,6 ponto percentual na comparação com o trimestre terminado em junho (9,3%) e de 3,9 pontos percentuais frente ao terceiro trimestre de 2021 (12,6%).

“A taxa de desocupação segue a trajetória de queda que vem sendo observada nos últimos trimestres. A retração dessa taxa é influenciada pela manutenção do crescimento da população ocupada”, destaca Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad.

Segundo o IBGE, o contingente de pessoas ocupadas (99,3 milhões) cresceu 1% (mais 1 milhão) no trimestre e 6,8% (mais 6,3 milhões) no ano, batendo novamente o recorde na série histórica, iniciada em 2012.

Já população desocupada (9,5 milhões de pessoas) chegou ao menor nível desde o trimestre terminado em dezembro de 2015, caindo 6,2% (menos 621 mil pessoas) no trimestre e 29,7% (menos 4 milhões) no ano.

Crescem os sem carteira e caem os informais

Outro destaque da Pnad Contínua do IBGE é que o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (13,2 milhões de pessoas) foi o maior da série histórica, iniciada em 2012, apresentando estabilidade no trimestre e elevação de 13% (1,5 milhão de pessoas) no ano.

Já a taxa de informalidade caiu para 39,4% da população ocupada, contra 40% no trimestre anterior (terminado em junho) e 40,6% no mesmo trimestre de 2021. Já o número de trabalhadores informais chegou a 39,1 milhões. A título de comparação, no trimestre terminado em agosto, o número de informais chegou a 39,3 milhões, e a taxa foi de 39,7%.

O nível da ocupação (indicador que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) subiu para 57,2%, o mais alto desde o trimestre terminado em outubro de 2015.

Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada cresceu 1,3% em relação ao trimestre anterior, chegando a 36,3 milhões de pessoas. Na comparação anual, o contingente cresceu 8,2%.

Recorde de ocupados no setor público

O número de empregados no setor público foi recorde da série histórica (12,2 milhões), com alta de 2,5% (291 mil pessoas) no trimestre e de 8,9% (989 mil pessoas) no ano. Esse aumento foi puxado pelos empregados no setor público sem carteira assinada (3,1 milhões), cujo crescimento foi recorde – 11,6% (317 mil pessoas) no trimestre e 35,4% (799 mil pessoas) no ano.

“Temos observado um ritmo acelerado no setor público nos últimos três trimestres em função, principalmente, da recuperação do segmento de educação e saúde”, diz a coordenadora.

Principais destaques da pesquisa

  • Desemprego caiu para 8,7%, menor índice da série desde o trimestre encerrado em junho de 2015
  • Número de desempregados recuou para 9,5 milhões de pessoas
  • Contingente de pessoas ocupadas bateu novo recorde: 99,3 milhões
  • População subocupada (por insuficiência de horas trabalhadas) caiu para 6,2 milhões de pessoas
  • População subutilizada (desempregados, subocupados, desalentados e pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo) caiu para 23,4 milhões de pessoas
  • Pessoas fora da força de trabalho ficou em 64,7 milhões de pessoas
  • População desalentada (que desistiu de procurar trabalho) ficou em 4,3 milhões
  • Taxa de informalidade caiu para 39,4% da população ocupada
  • Número de trabalhadores informais chegou a 39,1 milhões
  • Número de empregados sem carteira assinada foi o maior da série: 13,2 milhões
  • Número de empregados com carteira de trabalho assinada subiu para 36,3 milhões
  • Trabalhadores por conta própria atingiram 25,7 milhões de pessoas
  • Número de trabalhadores domésticos ficou em 5,9 milhões de pessoas
  • Número de empregadores foi de 4,4 milhões de pessoas
  • Nível da ocupação (indicador que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) subiu para 57,2%, nível mais alto desde outubro de 2015
  • Rendimento real habitual ficou em R$ 2.737

Administração pública, defesa e seguridade social puxam ocupação

Segundo o IBGE, as seguintes atividades influenciaram o aumento da ocupação e consequente queda no desemprego: administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,8%, ou mais 315 mil pessoas) e outros serviços (6,8%, ou mais 348 mil pessoas).

Beringuy destaca que “três atividades vinham se sobressaindo desde junho: comércio, administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, e outros serviços. Nesse trimestre, o comércio, embora tenha ficado estável, ainda mantém um contingente bastante importante e permanece sendo uma importante atividade na absorção de mão de obra, com mais de 19 milhões de pessoas”.

Rendimento médio cresce

O rendimento real habitual cresceu, pela primeira vez desde junho de 2020, tanto na comparação trimestral (3,7%) quanto na anual (2,5%), chegando a R$ 2.737. Na comparação trimestre a trimestre, foi a quinta alta seguida.

Segundo a coordenadora da pesquisa, “o crescimento do rendimento real está relacionado à redução da inflação, proporcionando ganhos reais. O rendimento nominal, que não desconta a inflação, já vinha crescendo em 2022, enquanto o real estava registrando queda. Na medida em que há uma retração da inflação, passa-se a ter registros de crescimento no rendimento real”.

As posições que tiveram alta significativa no rendimento no trimestre foram empregado com carteira de trabalho assinada (2,8%, ou mais R$ 71), empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (2,3%, ou mais R$ 92) e empregador (10%, ou mais R$ 613).

Na comparação com o mesmo trimestre de 2021 houve aumento nas categorias trabalhador doméstico (4,6%, ou mais R$ 46) e conta própria (5%, ou mais R$ 103).

Na quarta-feira (26), o Ministério do Trabalho e Previdência informou que o país gerou 278 mil empregos com carteira assinada em setembro, o que representa uma piora em relação a setembro do ano passado, quando foram criados 330 mil empregos formais.

Os dados, no entanto, não são comparáveis com os números do desemprego divulgados nesta quarta pelo IBGE. Isso porque os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados consideram os trabalhadores com carteira assinada, isto é, não incluem os informais.

Os números do Caged são coletados das empresas e abarcam o setor privado com carteira assinada, enquanto que os dados da Pnad são obtidos por meio de pesquisa domiciliar e abrangem também o setor informal da economia.

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