Dino diz que governo eleito irá ao Supremo para suspender porte de armas no DF até a posse de Lula

Futuro ministro da Justiça está preocupado com ameaças durante posse do presidente. Medida valeria entre esta quarta-feira e o início da próxima semana.

Flávio Dino participou de coletiva de imprensa ao lado do governador do DF, Ibaneis Rocha, e do futuro ministro da Defesa, Jose Mucio Monteiro. Foto: Adriano Machado/ Reuters

Estadão

BRASÍLIA – O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, declarou que o governo eleito vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda nesta terça-feira, 27, para suspender o porte de armas (autorização para levar para espaços fora da residência) no Distrito Federal nos próximos dias. A ideia é que a suspensão só deixe de valer após a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Nós fizemos uma reflexão sobre toda a segurança da posse presidencial, tanto com o governo do Distrito Federal como agora aqui no CCBB com a equipe da Polícia Federal. Agora no começo da tarde vamos requerer ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do inquérito sobre atos antidemocráticos, que ele suspenda o porte de arma de fogo no Distrito Federal entre amanhã até o dia 2 ou 3 de janeiro”, declarou em entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil, onde a equipe do futuro governo tem despachado.

Segundo Dino, a ação será apresentada pelo delegado Andrei Passos Rodrigues, coordenador da segurança de Lula e futuro diretor-geral da Polícia Federal. Dino disse que a ideia de suspender o porte visa acrescentar uma “camada” a mais à segurança do evento.

“O objetivo é que mesmo as pessoas que sejam eventualmente detentoras de autorizações de portes, por exemplo, CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores), tenham essa suspensão por ordem judicial, para que fique configurada que qualquer posse, porte de arma, nesse período, será considerada crime”, afirmou o futuro chefe da Justiça e Segurança Pública do governo federal. O acesso aos armamentos de fogo foi facilitado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e é uma das principais bandeiras do governo dele.

A equipe do petista está preocupada com possíveis episódios de violência no dia posse. Nas duas últimas semanas, bolsonaristas organizaram dois atos de grande repercussão para chamar a atenção para suas manifestações, que têm pregado um golpe militar contra a eleição de Lula.

No dia 12 de dezembro, apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a reeleição para o petista, queimaram carros, ônibus e destruíram prédios públicos e privados na região central de Brasília. No outro caso, no dia 24, na véspera de Natal, um apoiador do presidente tentou explodir uma bomba nas imediações do aeroporto de Brasília. Em ambos os episódios, os autores dos ataques são ligados a um acampamento bolsonarista instalado no Quartel General do Exército, em Brasília.

Dino, o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), se reuniram na manhã desta terça para debater a segurança da posse. Depois do encontro, Dino e Múcio afirmaram ter a expectativa de que o acampamento seja desmontado antes da posse de Lula. A meta é que eles sejam desmobilizados voluntariamente, mas o futuro chefe da Justiça não descarta retirá-los compulsoriamente.

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