Governador cobra ministro da Saúde sobre o envio de 228 mil doses do imunizante
Por Folhapress
O governador João Doria (PSDB) afirmou, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (12), que o estado de São Paulo ainda não recebeu do ministério da Saúde as 228 mil doses da Pfizer que estavam reservadas aos 645 municípios paulistas.
Na última semana, o governo Doria acusou a pasta do governo federal chefiada pelo ministro Marcelo Queiroga de ter enviado apenas metade das 556 mil doses combinadas.
A repartição das doses entre os estados segue o critério da proporcionalidade de população. Como São Paulo detém 23% dos brasileiros entre os 26 estados e o Distrito Federal, as remessas de vacina, até então, respeitavam essa regra estabelecida pelo PNI (Programa Nacional de Imunização).
O problema só aprofundou o acirramento político entre Doria, cotado para disputar as eleições presidenciais em 2022, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Na entrevista, Doria pôs em xeque nesta quarta o compromisso verbal feito por Queiroga sobre o envio das doses faltantes ao estado. “Eu aprendi com o meu pai que é feio mentir, que é feio prometer e não cumprir”, disse Doria. “Ou o ministro não tem palavra ou a sua palavra não vale no Ministério da Saúde”.
Apesar de ainda não ter em mãos as 228 mil doses restantes, o plano paulista de imunização contra a Covid-19 manteve o calendário de vacinação de jovens e adolescentes no estado.
A Pfizer é o único imunizante que possui, no momento, autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser aplicado em crianças e adolescentes —a eficácia de Coronavac e Janssen para esse público também está sob análise da agência.
“Estamos otimizando todas as grades e cumpriremos o calendário de vacinação para os adolescentes”, disse Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização. “Mas o ministério da Saúde deve ao estado 228 mil doses da vacina da Pfizer. Cada vacina importa.”
Até a próxima segunda-feira (16), pessoas de 18 a 24 anos continuarão a receber uma das doses disponíveis contra o coronavírus no estado. A partir do dia 18, terão a mesma chance os adolescentes de 16 e 17 anos com alguma comorbidade e/ou deficiência, além de gestantes e puérperas.
No dia 30 deste mês, quem tem de 15 a 17 anos será vacinado com ao menos uma dose; e a partir de 6 de setembro, seerá a vez da população de 12 a 14 anos.
Ainda segundo Doria, todos os esforços realizados para não judicializar a questão não obtiveram sucesso. “Conversamos duas vezes com ele [ministro da Saúde] ao telefone para evitar a judicialização e encaminhar as doses que cabem a São Paulo com juízo e respeito, mas isso não foi cumprido”.
Desde a semana passada, o Ministério Público Federal investiga o que pode ter ocasionado o problema.
Após as primeiras críticas de Doria, o ministro da saúde Marcelo Queiroga disse no último domingo (8) que houve divergência de cálculo de doses entre a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde e que a situação seria resolvida.
Ainda na semana passada, o Ministério da Saúde corrigiu o número de vacinas contra Covid-19 que enviou a São Paulo. A mudança ocorreu horas depois de a Folha mostrar discrepância entre os registros estaduais e os federais.
Nesta quarta, Doria afirmou também que o estado de São Paulo atingiu, na terça-feira (11), o maior número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra o coronavírus em um único dia.
O número de doses chegou a 640.500. O recorde anterior havia sido obtido em 21 de julho, quando 619 mil vacinas foram aplicadas na população paulista.
Ao todo, 41 milhões de doses foram usadas no estado, o que permitiram alcançar 86% da população com ao menos uma dose e completar o esquema vacinal para outros 26% dos moradores.