Embate ocorreu durante a oitiva do ex-ministro do GSI da gestão de Jair Bolsonaro; posteriormente, o general se desculpou com mineira
O GLOBO
O ex-ministro do Gabinete Institucional de Segurança (GSI) Augusto Heleno se referiu a deputada federal transexual Duda Salabert (PDT-MG) com um pronome masculino, desrespeitando sua identidade de gênero. O episódio ocorreu durante a inquirição do aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na CPI do 8 de janeiro.
Na ocasião, a deputada afirmou que o general coordenou a Operação Cunho de Ferro no Haiti, que teria resultado na morte de dezenas de crianças e mulheres. Heleno, por sua vez, negou as acusações:
— Esta afirmativa é mentirosa. Estou querendo proteger, vossa excelência. Se eu quiser vou para a justiça e processo o senhor e coloco o senhor na cadeira — disse.
Salabert respondeu sobre o erro de pronome:
— É senhora, e não senhor, e não vem me ameaçar não — rebateu.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez coro em apoio à parlamentar.
Após o ocorrido, a deputada voltou a falar sobre o currículo do general.
— Se o senhor e outros militares escaparam da anistia da Ditadura Militar, não vão escapar agora. Se há Justiça no Brasil, saíra preso no final dessa CPI — disse.
A oposição interrompeu a fala da parlamentar. “Ele nem é investigado”, disse Abílio Brunini (PL-MT), que foi retirado do plenário pelas interrupções recorrentes.
Após o intervalo de almoço para a sessão, Salabert revelou que recebeu um pedido de desculpas por parte do depoente:
— O general Augusto Heleno pediu desculpas por ter tratado no masculino. E na minha posição, não é essa questão mais importante: o que estamos discutindo aqui é muito maior, é o futuro do país.