Incidente na quinta (29) deixou dois tripulantes mortos; regime iraniano nega responsabilidade.
Por Folhapress
Os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido disseram neste domingo (1º) acreditar que o Irã é responsável por um ataque a um petroleiro gerido por uma firma israelense na costa de Omã na última quinta-feira (29). Dois membros da tripulação, um cidadão britânico e outro romeno, morreram durante a ação.
O governo iraniano nega responsabilidade no episódio. O navio atacado foi o Mercer Street, embarcação de propriedade japonesa que navega com bandeira da Libéria e que é administrado pela firma israelense Zodiac Maritime.
As circunstâncias do incidente ainda não estão claras. A Zodiac Maritime descreveu o episódio como “suspeita de pirataria”, e uma fonte do Centro de Segurança Marinha de Omã afirmou se tratar de um acidente.
Já as autoridades americanas e britânicas disseram que o ataque foi feito com um drone, e que seus dados de inteligência apontam para o envolvimento do Irã.
“Nós acreditamos que esse ataque foi deliberado, com um alvo definido, e foi uma clara violação da lei internacional pelo Irã”, disse o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab.
Já o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que, “depois de revisar as informações disponíveis, estamos convencidos de que o Irã realizou este ataque”. A Marinha dos EUA passou a escoltar o petroleiro atingido com o porta-aviões USS Ronald Reagan.
“Estamos trabalhando com os nossos parceiros para avaliar os próximos passos, e consultando governos da região e além dela sobre uma resposta apropriada, que virá na sequência”, acrescentou Blinken.
O governo de Israel, que já havia acusado o Irã de envolvimento no ataque, reforçou as acusações neste domingo. O primeiro-ministro Naftali Bennett afirmou que “foi o Irã quem conduziu o ataque contra a embarcação” e que o incidente exige uma resposta dura.
Em resposta, um porta-voz da chancelaria iraniana, Saeed Khatibzadeh, afirmou que “as acusações de Israel buscam desviar a atenção dos fatos e não têm embasamento”. “O Irã não hesitará por um momento em defender seus interesses e a segurança nacional”, disse.
O incidente desta quinta é mais um em meio à escalada dos conflitos entre Irã e Israel, que, desde 2019, têm atacado mutuamente cargueiros nos mares Mediterrâneo e Vermelho. Em março deste ano, um navio porta-contêineres iraniano foi atacado e pegou fogo. O país atribuiu o ataque a Israel.
O mar de Omã está localizado entre Irã e Omã e ali está o estratégico Estreito de Ormuz, por onde transita grande parte do petróleo mundial e onde está presente uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.
A escalada das tensões na região ocorre em um momento em que a gestão do presidente americano, Joe Biden, busca renegociar os termos do acordo sobre o programa nuclear iraniano. Seu antecessor, Donald Trump, havia retirado os EUA unilateralmente do tratado, que conta com a oposição de Israel e de monarquias sunitas do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita.
O Irã, que em junho elegeu o linha-dura Ebrahim Raisi para a Presidência, vem buscando pressionar os EUA e seus aliados a fim de aliviar as sanções que sufocam a sua economia.