EUA enviam diplomatas à Venezuela e tentam afastar Maduro de Putin

Dentro dos Estados Unidos, políticos republicanos e democratas veem em Maduro um possível fornecedor para substituir os russos no mercado de petróleo

Maduro quer suspensão progressiva de sanções Foto: Prensa Miraflores/EFE

Por Estadão

Representantes do governo Joe Biden viajaram para a Venezuela neste sábado, 5, para se reunir com membros do regime de Nicolás Maduro. A iniciativa faz parte de uma estratégia americana de isolar a Rússia de seus aliados na América Latina em meio à guerra na Ucrânia.

Dentro dos Estados Unidos, políticos republicanos e democratas veem em Maduro um possível fornecedor para substituir os russos no mercado de petróleo, caso novas sanções envolvam os negócios do Kremlin no setor de energia.

A viagem é a primeira visita de alto nível de diplomatas americanos a Caracas em anos. Os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com a Venezuela em 2019, depois de acusar Maduro de fraude eleitoral. O governo do presidente Donald Trump tentou derrubar o regime chavista, combinando sanções que baniram a compra do petróleo venezuelano e o reconhecimento do opositor Juan Guaidó como presidente do país.

Maduro respondeu às sanções se aproximando ainda mais de aliados como a China, o Irã e principalmente a Rússia, com quem a estatal petrolífera PDVSA selou acordos de exploração e vendas de petróleo com a Rosneft. Três anos depois, Maduro se manteve no poder e Guaidó perdeu relevância. A oposição no ano passado aceitou participar, ainda que dividida, de eleições municipais.

Com a economia russa em queda livre por causa das sanções impostas pela União Europeia e os Estados Unidos, Washington aproveita a chance de afastar autocracias latino-americanas que começam a ver Putin como um aliado enfraquecido.

Na quinta-feira, Maduro deu indícios em um discurso de estar aberto de voltar a negociar petróleo com os Estados Unidos. “Nosso petróleo está disponível para quem quiser comprá-lo, seja da Ásia, da Europa ou dos Estados Unidos”, disse ele em um discurso.

Na semana passada, tanto a Venezuela como Nicarágua e Cuba se abstiveram em duas resoluções na ONU para condenar a invasão da Ucrânia e pediram uma solução diplomática da crise.

O retorno da importação do petróleo  chavista é bem visto até mesmo por membros do Partido republicano, como o ex-deputado Scott Taylor, que disse ter conversado com empresários venezuelanos inrteressados em fazer uma ponte entre Caracas e Washington. “Devemos aproveitar esta oportunidade para obter uma vitória diplomática afastando a Venezuela da Rússia”, disse. / NYT

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