Europeus avaliam custo de corte de energia russa e países se preparam para retaliações

Cidadãos comuns e empresários se dividem entre a dependência da energia barata da Rússia e a oposição à guerra na Ucrânia; países buscam alternativas para evitar retaliações

Logo da Gazprom Germania em Berlin, na Alemanha, em imagem registrada no dia 1º de abril deste ano. Empresa paralisou atividades no país, e novo administrador foi escolhido nesta semana 

Por Estadão

O aumento dos preços de energia na Europa, devido à guerra na Ucrânia, testa a determinação de cidadãos comuns e empresários que se dividem entre a dependência do continente da energia barata russa e a posição contrária à invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin. Os governos europeus buscam alternativas para substituir a energia russa, conscientes de que os pagamentos regulares financiam a guerra – que já causou milhares de mortes de civis e uma crise de refugiados sem precedentes desde a 2ª Guerra.

Em uma pesquisa com 1.230 eleitores aleatórios publicada no mês passado pela emissora pública alemã ZDF, 28% dos europeus disseram que o país deveria interromper as importações de gás natural e petróleo imediatamente, mesmo que isso signifique problemas de abastecimento, enquanto 54% disseram que isso só deve acontecer se houver uma garantia de abastecimento; outros 14% se opuseram à proibição.

A pesquisa mostra como o golpe econômico passa a pesar cada vez mais para consumidores e empresas, que já viram os preços do gás natural começarem a subir no verão passado.

Os europeus também enfrentam o confronto entre Moscou e os países do bloco por causa da exigência de pagamento em rublos e temem o bloqueio do fornecimento de energia, como aconteceu na Bulgária e na Polônia. Isso levaria a uma forte desaceleração do crescimento econômico da Europa.

Os países da União Européia importam 40% do gás e 25% do petróleo da Rússia, e o atual cronograma da União Europeia (UE) não prevê independência energética de Moscou nos próximos cinco anos. À medida que as atrocidades continuam sendo relatadas na guerra, a UE procura reforçar as sanções.

A comissão executiva da UE propôs nesta quarta-feira, 4, a eliminação gradual das importações de petróleo bruto dentro de seis meses e dos produtos refinados até o final de 2022. A medida necessita da aprovação dos países-membros e pode encontrar resistência por parte de alguns países, que são mais dependentes do petróleo do que outros. Ainda assim, o petróleo é mais fácil de substituir do que o gás natural, que é usado para gerar eletricidade e indústrias de energia.

Alemanha enche instalação de gás abandonada pela Gazprom

Enquanto isso, países dependentes da energia russa se preparam para uma possível retaliação às sanções, principalmente depois do corte do gás na Polônia e na Bulgária. É o caso da Alemanha, que começou a encher uma enorme instalação de armazenamento de gás abandonada pela Gazprom, a empresa energética russa.

A Gazprom abandonou no mês passado os negócios na Gazprom Germania, incluindo o maior local de armazenamento de gás da Europa Ocidental em Rehden, que agora é utilizado pela Alemanha. O abandono se deu à medida que as relações diplomáticas com a União Europeia se deterioraram.

Entretanto, o novo administrador do local, Egbert Laege, anunciou que o país passou a injetar pequenos volumes de gás na instalação. As declarações foram dadas à Reuters, na primeira entrevista de Egbert após assumir o cargo. “Estamos trabalhando intensamente em soluções para garantir que em breve mais gás possa fluir para as instalações de armazenamento”, disse.

Rehden tem capacidade para conter cerca de 4 bilhões de metros cúbicos de gás, mas apenas 0,6% desta capacidade está ocupada. A instalação recebeu pequenas quantidades de gás no último inverno e precisa estar mais cheia para o próximo período. A média do restante das instalações de armazenamento de gás da Alemanha é de 36%.

Egbert Laege, nomeado pelo regulador de energia alemão, controlará a Gazprom Germania até o dia 30 de setembro e tem o direito de demitir executivos, contratar novos funcionários e dizer à administração como proceder. Ele não disse o que acontecerá depois dessa data. “Fizemos um bom progresso na estabilização das atividades do Grupo Gazprom Germania em tempos incertos”, declarou.

O administrador também garantiu que está em contato regular com o Ministério da Economia da Alemanha, com o órgão regulador de energia e com os parceiros de negócios do grupo. “Todos eles reconhecem a enorme importância do Grupo Gazprom Germania para o fornecimento seguro de gás. A confiança de nossos parceiros de negócios é talvez nosso ativo mais importante. Farei o meu melhor para manter e fortalecer essa confiança.” /ASSOCIATED PRESS E REUTERS

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