Nos primeiros quatro meses de 2022, a balança comercial acumula superávit de US$ 19,947 bilhões; valor é 10,5% maior do que o mesmo período do ano passado
Por Estadão
BRASÍLIA – A balança comercial brasileira registrou superávit (ou seja, as exportações superaram as importações) de US$ 8,148 bilhões em abril, o segundo melhor resultado para o mês na série histórica, só atrás do saldo positivo de US$ 9,963 bilhões de abril do ano passado.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 05, pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. O superávit em abril ficou 13,9% menor do que o registrado no mesmo mês de 2021. No mês passado, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) avançou 24,0% e chegou a US$ 49,656 bilhões.
O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, destacou que as exportações de US$ 28,902 bilhões em abril foram recorde para o mês na série histórica da balança comercial.
Embora o valor tenha crescido 35,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, houve queda de 8% no volume de bens exportados, enquanto os preços aumentaram 19,9% na mesma comparação.
“Essa redução de volume exportado em abril foi pontual, não é tendência. Apenas os produtos da indústria da transformação registraram crescimento no volume exportado no mês passado”, avaliou Brandão. “Por conta de questões climáticas devemos ter uma menor produção de soja neste ano. Ainda assim, tivemos a maior média diária de exportações da história, já que abril tem menos dias úteis”, completou Brandão.
Já as importações de US$ 20,754 bilhões em abril foram o segundo maior valor da série para o mês, apenas atrás dos US$ 21,8 bilhões de abril de 2013. Embora o valor tenha crescido 35,7% em relação a abril do ano passado, também houve aumento de preço (34,4%) e redução de volume (-6,9%) nas compras do exterior.
Em abril, na comparação pela média diária do mesmo mês de 2021, as exportações tiveram alta de 12,7% em Agropecuária, retração de 10,2% em Indústria Extrativa e crescimento de 35,0% em produtos da Indústria de Transformação.
Já nas importações, houve aumento de 33,0% em Agropecuária, crescimento de 51,8% em Indústria Extrativa e alta de 35,5% em produtos da Indústria de Transformação.
Nos primeiros quatro meses de 2022, a balança comercial acumula superávit de US$ 19,947 bilhões. O valor é 10,5% maior do que o mesmo período do ano passado. Houve um aumento de 23,8% nas exportações e de 27,6% nas importações nessa mesma comparação.
Impacto da guerra
O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, afirmou que o conflito no Leste Europeu já tem impactado o comércio do Brasil com a Ucrânia e a Rússia. Ele avaliou, porém, que os efeitos para o comércio global como um todo depende da categoria de produtos vendidos pelo Brasil. “Com a guerra e uma demanda menor da economia russa, já houve uma exportação menor para Rússia em abril. Já as importações da Rússia continuam crescendo”, destacou.
De acordo com os dados do ministérios, as exportações para a Rússia somaram US$ 91,9 milhões em abril, uma queda de 30,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já as importações brasileiras da Rússia somaram US$ 805,9 milhões em abril, alta de 211,3%. Apenas as compras de fertilizantes russos somaram US$ 526,6 milhões no mês passado, alta de 315,9% (sendo 38,3% em quantidade e 200,4% em preço).
“Esse crescimento do volume importando de fertilizantes ocorre porque houve uma antecipação muito grande de compras de insumos para a agricultura, antes mesmo da guerra. E agora esses navios estão chegando ao Brasil”, explicou Brandão.
Já o comércio brasileiro com a Ucrânia, que já era pequeno, ficou ainda menor. As exportações para a Ucrânia somaram apenas US$ 1,250 milhão em abril, uma queda de 92,9% em relação a mesmo mês do ano passado. Já as importações ficaram em US$ 5,400 milhões em abril, uma queda de 78,7% na mesma comparação.
Brandão lembrou que a OMC e o FMI já revisaram para baixos suas expectativas para o crescimento do PIB mundial e do comércio internacional em 2022. “A guerra pode afetar exportações brasileiras de maneira heterogênea. Por exemplo, temos observado um crescimento mais acentuado nas exportações de alimentos. Por outro lado, a desaceleração global pode afetar demanda e preço de insumos utilizados na indústria, como o minério-de-ferro”, avaliou.