PF descobriu que criminosos usaram informações do Detecta, que reúne informações da segurança pública paulista
O GLOBO
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo determinou a abertura de inquérito para investigar vazamento de dados do sistema que integra os bancos de dados policiais do governo paulista para integrantes do crime organizado durante o plano de sequestro do senador Sergio Moro (União). Documentos da Justiça Federal do Paraná mostraram que, no início de fevereiro, a Polícia Federal interceptou mensagem na qual um integrante da facção responsável pelo plano pediu dados sobre o deslocamento de uma viatura policial por meio de consulta ao Sistema Detecta.
Em nota, a Secretaria informou que inquérito policial foi instaurado pela 4ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que vai apurar com rigor o crime de “invasão de dispositivo” de informática.
“Se confirmada qualquer irregularidade, o responsável será levado à Justiça, onde será responsabilizado”, diz a nota.
Em documento do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), a Polícia Federal (PF) afirma que o crime organizado tem acesso a dados que deveriam ser sigilosos, que permitem que atuem com desenvoltura, pois conseguem inclusive identificar por onde circularam viaturas policiais.
Numa das mensagens trocadas pelos criminosos e interceptada pela PF, um dos bandidos repassa a um terceiro dados de um veículo usado pela Polícia Civil de São Paulo e pede:
“Parceiro preciso saber aonde esse carro andou sábado até hoje”
“Consegue dar uma força pra mim pra ver no detecta lá”
O Detecta emite alertas de situações de crimes e integra bancos de dados do sistema operacional da Polícia Militar, do Sistema de Fotos Criminais (Fotocrim), do Sistema de Informações Criminais (Infocrim), do Registro Digital de Ocorrência (RDO), do Instituto de Identificação, além de dados de veículos e de carteiras de habilitação do Departamento de Trânsito (Detran). Ele é usado pelo setor de segurança pública de São Paulo desde 2014 para localizar criminosos e fiscalizar o trânsito. São mais de 3 mil câmeras interligadas, além de fotos de criminosos foragidos, desaparecidos e situação cadastral de veículos.