Governo escolhe pesquisador de carreira como novo diretor do Inpe.

Ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão durante cerimônia em Brasília.

© Reuters

Por Reuters

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, indicou o pesquisador e engenheiro eletricista Clézio Marcos De Nardim para a direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mais de um ano depois da demissão de Ricardo Galvão.

Nardim é pesquisador de carreira do Inpe e ocupava a coordenação-geral de Ciências Espaciais e Atmosféricas e deve ocupar a diretoria pelos próximos quatro anos. Era um dos três nomes de uma lista tríplice entregue ao ministro por um comitê de busca independente contratado para organizar a seleção do novo diretor depois da saída tumultuada de Galvão.

Os outros dois nomes não foram revelados, mas nove pessoas se candidataram ao cargo. Entre elas, Gilberto Câmara, ex-diretor do Instituto, e o diretor interino, o militar Darcton Policarpo Damião. Preterido, Damião foi nomeado assessor especial de Marcos Pontes.

Clézio assume depois de várias crises e polêmicas enfrentadas pelo Inpe ao longo dos 21 meses de governo do presidente Jair Bolsonaro. Cientista respeitado internacionalmente, Ricardo Galvão foi exonerado depois de responder duramente acusações do presidente da República de que os dados de desmatamento da Amazônia eram mentirosos.

Em entrevista a correspondentes internacionais, Bolsonaro chegou a dizer que Galvão estaria manipulando dados “a serviço de alguma ONG”. O então diretor do Inpe se recusou a pedir demissão e acabou exonerado por Pontes.

Recentemente, o vice-presidente Hamilton Mourão, que é o coordenador do Conselho da Amazônia, voltou a acusar o Inpe de vazar dados negativos sobre queimadas, dizendo que haveria alguém no instituto “contrário ao governo” agindo dessa forma. Os dados são públicos e atualizados diariamente na página do Inpe na Internet.

Câmara, ex-diretor do Inpe entre 2005 e 2012, afirma que o indicado por Pontes tem qualificações científicas para ser diretor e vem se preparando para isso há alguns anos, inclusive com um MBA em Gestão Pública pela Fundação Getulio Vargas.

Lembra, no entanto, que Clézio terá que enfrentar desafios duros nos próximos meses, com a divulgação dos dados anuais de desmatamento do sistema Prodes –que devem estar acima do ano passado–, os dados de queimadas e a definição do orçamento de 2021 do Instituto.

“O Inpe tem uma tradição de diretores que defenderam bem o instituto e souberam mostrar sua importância à sociedade. Não tenho dúvida que todos os que já enfrentaram o desafio de dirigir o Inpe desejam sucesso ao Clézio”, disse Câmara à Reuters.

Em nota, o Sindicato dos Servidores em Ciência e Tecnologia também elogiou o nome do novo diretor, que fez doutorado em Geofísica Espacial no próprio Inpe.

(Edição de Eduardo Simões)

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