Internações por câncer de mama custaram R$ 208 milhões ao SUS em um ano

Foram quase 98 mil hospitalizações por causa da doença entre julho de 2023 e julho de 2024

Roupa de enfermagem na cor rosa simbolizando o combate ao câncer de mama. Foto: Marcos Ranyere Portela da Cunha (26.out.2024)

O impacto financeiro das internações por câncer de mama no SUS (Sistema Único de Saúde) é estimado em R$ 208 milhões em um ano, segundo levantamento da empresa de gestão hospitalar Planisa, que detém a maior base de dados de custos hospitalares da América Latina.

O valor corresponde a 97.947 internações relacionadas à doença entre julho de 2023 e julho de 2024. Foram 14,7 milhões de internações totais no período.

O tumor da mama é o tipo mais comum entre as mulheres. De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a doença corresponde a cerca de 30% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil, sendo previstos 74 mil novos casos por ano até 2025.

O custo com internação inclui gastos com remédios, insumos e equipamentos, mas não engloba tratamento ambulatorial, como quimioterapia e radioterapia, por exemplo, diz o especialista em gestão de custos hospitalares e diretor de serviços da Planisa, Marcelo Carnielo.

Segundo ele, a grande demanda por internações oncológicas sobrecarrega a infraestrutura hospitalar, impactando na disponibilidade de leitos, equipamentos e profissionais qualificados.

Um estudo inédito da Planisa em parceria com a plataforma de governança clínica DRG Brasil também verificou os custos de hospitais privados. Foram analisadas 442 instituições de saúde públicas e privadas de várias regiões do Brasil, o que revelou um custo de R$ 107,8 milhões em internações por câncer de mama entre janeiro de 2022 e setembro de 2024.

O radiologista Ademar Paes Júnior, membro do Conselho da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), argumenta que a redução de custos com o câncer de mama depende principalmente do diagnóstico precoce da doença.

Para que o tumor seja identificado em fase inicial é necessária a realização de rastreamento (exame em mulher que não tem sintomas) feito com mamografia —procedimento de rastreio por imagem no tecido mamário que pode detectar nódulos ainda não palpáveis.

Mas a quantidade de mamografias realizadas no país ainda é pequena. Um relatório do Inca (Instituto Nacional do Câncer) lançado no dia 1º de outubro mostrou que a cobertura no SUS em todas as unidades federativas foi inferior a 35% no biênio de 2022 e 2023.

A mamografia anual é indicada para mulheres a partir dos 40 anos pela SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia). O Ministério da Saúde, no entanto, recomenda e oferece o exame de rastreio para mulheres a partir dos 50.

“Também é possível diminuir a incidência da doença e os gastos com a adoção de hábitos saudáveis. Há ainda casos relacionados a fatores como consumo de bebida alcoólica, consumo excessivo de carne vermelha e outros hábitos inadequados”, diz o radiologista.

Um dos causadores dos altos custos de internação no Brasil é o envelhecimento populacional, que causa um aumento na incidência de doenças crônicas, como câncer e diabetes, e problemas cardiovasculares.

“Ao contrário dos traumas, mais comuns até algumas décadas atrás, essas doenças relacionadas ao nosso estágio de desenvolvimento exigem mais exames de acompanhamento e cuidados constantes. E podem causar complicações bastante onerosas e aumentar o número de internações.”

Fonte : Folha de São Paulo 

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