Gruta funerária, que tem cerca de 2 mil anos e fica entre Jerusalém e a Faixa de Gaza, foi descrita por autoridades como uma das mais impressionante descobertas no país
Estadão
As autoridades israelenses revelaram nesta terça-feira, 20, “uma das grutas funerárias mais impressionantes” já descobertas no país, que teria cerca de 2.000 anos e que foi designada como “o túmulo de Salomé”, uma das parteiras presentes no nascimento de Jesus, de acordo com certas correntes do cristianismo.
O local foi encontrado há 40 anos por saqueadores de antiguidades na floresta de Lachish, localizada entre Jerusalém e a Faixa de Gaza, o que levou a escavações arqueológicas que revelaram uma imensa esplanada que atesta a importância desta gruta funerária, segundo os arqueólogos.
O espaço, onde foram encontradas caixas com ossos, inclui vários cômodos e nichos escavados na pedra e foi descrito pela Autoridade de Antiguidades (AIA) como uma das grutas mais “impressionantes” e “elaboradas” descobertas em Israel.
Primeiro foi usada para ritos fúnebres judaicos e pertenceu a “uma rica família de judeus que se esforçou muito para preparar a gruta”, disse a mesma fonte.
Mais tarde, o local se tornou uma capela cristã dedicada a Salomé, fato atestado pela presença de cruzes e uma dezena de inscrições gravadas nas paredes que a ela se referem.
“Salomé é uma figura misteriosa”, enfatizou a AIA. “De acordo com a tradição cristã (ortodoxa), a parteira de Belém não acreditou que lhe pediram para ajudar uma virgem a dar à luz, sua mão então secou e só se curou quando segurou o bebê”, explicou a entidade.
O culto de Salomé e o uso do local continuaram até o século 9, após a conquista muçulmana, disse a AIA. “Algumas das inscrições foram escritas em árabe, enquanto os crentes cristãos continuaram a rezar no local”, acrescentou.
A escavação da esplanada, que se estende por 350 metros quadrados, revelou tendas que, segundo os arqueólogos, ofereciam lamparinas de barro.
“Encontramos centenas de lamparinas completas e quebradas que datam dos séculos 8-9”, disseram Nir Shimshon-Paran e Zvi Firer, diretores das escavações do AIA no sul de Israel.
“Talvez as lâmpadas fossem usadas para iluminar a caverna, ou para cerimônias religiosas, da mesma forma que as velas são distribuídas hoje em túmulos e igrejas”, afirmaram. /AFP