Ministro das finanças do Reino Unido afirmou que gabinete não vai levar a frente plano para diminuir alíquota máxima do imposto de renda de 45% para 40%
Por Estadão
LONDRES – A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, abandonou o projeto de redução do imposto de renda para os mais ricos anunciada no fim do mês passado, que colocou o recém-iniciado governo da premiê conservadora no centro das críticas de parlamentares, incluindo os do seu próprio partido.
A desistência do plano foi anunciada pelo ministro das Finanças de Truss, Kwasi Kwarteng, em uma publicação nas redes sociais desta segunda-feira, 3. “Está claro que a abolição da taxa de imposto de 45% se tornou uma distração para nossa missão primordial de enfrentar os desafios de nosso país. Como resultado, estou anunciando que não vamos prosseguir com o fim da alíquota de 45%”, escreveu Kwarteng no Twitter. “Nós entendemos e ouvimos”.
We get it, and we have listened. pic.twitter.com/lOfwHTUo76
— Kwasi Kwarteng (@KwasiKwarteng) October 3, 2022
Liz Truss, que assumiu o cargo de primeira-ministra no início de setembro, e seu ministro das Finanças haviam anunciaram em 23 de setembro um pacote de apoio para das famílias contra os custos da energia, acompanhado de grandes cortes de impostos. A alíquota máxima, atualmente em 45%, seria reduzida para 40%, beneficiando apenas quem ganha mais de 150 mil libras esterlinas ao ano (aproximadamente R$ 910 mil/ano).
A reversão parece ter como objetivo evitar uma rebelião crescente de membros do Partido Conservador no Parlamento. Vários sinalizaram que votariam contra o corte de impostos, e membros de alto escalão do partido previram que o governo, que está no cargo há apenas um mês, não conseguiria aprovar a medida na Câmara dos Comuns.
Em sua campanha à liderança do Partido Conservador, Truss havia sinalizado outros cortes de impostos, incluindo cortes na alíquota básica — para pessoas com renda mais baixa –, corte nos impostos sobre a compra de imóveis e a decisão de não aumentar os impostos corporativos. Mas abolir a taxa máxima foi uma surpresa e imediatamente atraiu críticas como uma oferta aos ricos em um momento em que milhões de britânicos estão lidando com uma crise de custo de vida.
O medo de que o governo tivesse que pedir empréstimos massivos para pagar os cortes levou a libra ao seu nível mais baixo em relação ao dólar desde 1985. Outros ativos britânicos também foram atacados, levando o Banco da Inglaterra a intervir nos mercados na semana passada para fortalecer os britânicos títulos do governo./ AFP e NYT