Ex-presidente voltou a repetir que não fará um “governo do PT”; após declarar apoio, senadora passou a integrar ativamente a campanha do petista
Exame
O candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na manhã desta quarta-feira, 26, que, se eleito, precisará conversar com o MDB sobre indicação da senadora Simone Tebet (MDB) para um eventual ministério. Apesar de elogiar o desempenho de Tebet, o ex-presidente reforçou que não pode antecipar quem seria nomeado para compor um novo governo.
“A Simone, embora esteja me apoiando, ela é um quadro político importante, mulher competente Mas eu não posso dizer que ela vai ser ministra porque vou estar precipitando uma coisa que não posso”, disse Lula durante entrevista à Rádio Mix de Manaus.
Após declarar apoio a Lula, Tebet passou a integrar ativamente a campanha. Ela tem feito viagens ao Rio de Janeiro e Minas Gerais e sinaliza que um novo mandato do ex-presidente será moderado e de centro.
O petista voltou a repetir na entrevista que não fará um “governo do PT”. “Vou fazer um ministério que represente a sociedade brasileira com PT e com gente fora”, esclareceu. Questionado se já definiu quais nomes irão compor eventuais pastas, ele afirmou que tem pensado sobre isso “no travesseiro” para que as notícias não se espalhem.
Armas
Lula voltou a criticar a política armamentista adotada no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o petista, “quem está comprando armas não são pessoas de bem, mas o crime organizado”.
“Ninguém compra arma para educação, ninguém compra arma para fazer coisa a não ser matar. Quem está comprando armas que Bolsonaro está facilitando é o crime organizado, que precisa mais assaltar o arsenal da Polícia, da Marinha ou do Exército”, afirmou, na entrevista.
A retórica de alinhamento ao crime organizado é utilizada por Bolsonaro contra Lula. O presidente já tentou associar o petista ao condenado Marcos Willians Camacho, o Marcola, apontado como líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Mais recentemente, apoiadores do presidente tentaram ligar Lula ao crime organizado por causa de um boné que o petista usou com as letras “CPX” durante caminhada no Complexo do Alemão, no Rio. Nas redes, aliados de Bolsonaro compartilharam imagens de supostos criminosos usando a mesma sigla. Segundo bolsonaristas, seria uma abreviação para a palavra “cupinxa”, que remete ao tráfico. Porém, em nota publicada em seu site oficial, a equipe de Lula explica que CPX é uma abreviação para a palavra “complexo”, usada por ocasião da visita ao Complexo do Alemão.
Bolsonarismo
O ex-presidente afirmou durante a entrevista que, mesmo com sua vitória, o bolsonarismo e o “ódio” continuarão presentes na sociedade. “Eu acho que o povo vai votar de forma soberana na democracia. O que eu acho é que o bolsonarismo vai continuar, o ódio vai continuar por um tempo, os fanáticos vão continuar por um tempo, mas eu acho que a gente vai ter um processo de reconciliação com a nação brasileira”, disse.
Fonte: Estadão