No Piauí, pesquisas eleitorais que trazem “com apoio” são investigadas; dono do Instituto Amostragem discorda de divulgação

O que chama atenção no caso do “com apoio” é que o Instituto de Pesquisa poderia colocar qualquer nome para saber se o eleitor votaria ou não no pré-candidato. 

Título de eleitor de um colaborador piauense. © PHBWebCidade

OitoMeia

De uns dias para cá os Institutos de Pesquisas têm feito questionários colocando o seguinte ponto: “com apoio de (nome de uma liderança nacional) você votaria em (nome do pré-candidato)”?

Uma modalidade, até certo ponto, nova e que tem sido divulgada com destaque em alguns dos principais veículos de comunicação e redes sociais. Muitas vezes até mesmo pelos próprios pré-candidatos.

E mesmo com o questionário sendo feito para saber a intenção de votos para o determinado pré-candidato, aquele que é feito de forma “estimulada”, isto é, com seu nome sendo apresentado ao entrevistado, têm-se dado mais destaque aos números “com apoio”.

O que chama atenção no caso do “com apoio” é que o Instituto de Pesquisa poderia colocar qualquer nome para saber se o eleitor votaria ou não no pré-candidato. Seja um nome que tem uma certa rejeição ou um nome que tem uma boa aceitação. E aí, como já é de praxe, o pré-candidato divulga o que melhor lhe convém.

Exemplo do “Como Apoio”

Há alguns dias, o pré-candidato a governador Rafael Fonteles (PT), por exemplo, divulgou em suas redes sociais números que teria, por cidade. Em Picos, por exemplo, ele contou que teria 78% das intenções de votos, considerado já como “votos válidos”, com base em pesquisa do Instituto Amostragem, divulgado na TV Meio Norte, registrada sob o número 09886/2022.

Dono do Instituto discorda

Rafael apagou a postagem de suas redes sociais, mas um Portal de Notícias local chegou a divulgar os números colocados pelo pré-candidato governista. “Com apoio”, segundo divulgado por Rafael em seu Instagram (apagado) e pelo portal, o petista teria acima de 70% em pelo menos três municípios.

O dono do Instituto Amostragem, João Batista Teles, entretanto, discordou e postou um comentário em suas redes sociais e até mesmo dentro do próprio site: “Estes números não existem para as cidades mencionadas”, afirmou. E condenou a tal informação: “Há números errados e a matéria não esclarece que se trata de votos válidos”.

MPE investiga divulgação “Com Apoio”

Uma fonte do OitoMeia informou que o Ministério Público Eleitoral (MPE) tem acompanhado de perto todas as divulgações relacionadas a pesquisas e os respectivos institutos, além, claro, dos contratantes e veículos de comunicação que estão divulgando.

“Essas pesquisas que trazem o ‘com apoio’ são perigosas porque induzem o eleitor a resultados que podem interessar apenas a um grupo, a um pré-candidato. Se você coloca ‘com apoio do ex-presidente Lula’, que tem uma grande popularidade, você também pode colocar ‘com apoio do ex-ministro José Dirceu’, que talvez não tenha tanta aprovação assim. O ideal é que seja divulgado como prioridade a intenção de votos de cada um dos pré-candidatos”, afirmou um advogado entrevistado pelo OitoMeia que pediu para não ter seu nome identificado.

Já há casos onde a justiça proibiu pesquisas “Com Apoio”

Na Bahia, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) local determinou que a divulgação de uma pesquisa fosse suspensa por destacar a questão do “com apoio”. Na decisão assinada em março deste ano pelo desembargador eleitoral Vicente Oliva Buratto, a pesquisa feita pelo Instituto Opnus foi suspensa. O instituto havia feito vinculação de um pré-candidato a governador com um nome como pré-candidato a presidente.

Na decisão, Buratto determinou a imediata suspensão da divulgação da “Pesquisa estimulada com apoios – Cenário 2” para intenções de voto ao governo da Bahia.

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