Segundo as autoridades locais, o incêndio foi causado por um curto-circuito e se espalhou rapidamente pela maternidade
Por Estadão
TIVAOUANE – Onze bebês recém-nascidos morreram na última quarta-feira, 25, em um incêndio em um hospital em Tivaouane, no oeste do Senegal, anunciou a presidência. Segundo as autoridades locais o fogo foi causado por um curto-circuito e se propagou muito rapidamente.
“Acabo de tomar conhecimento, com dor e consternação, do falecimento de 11 recém-nascidos em um incêndio ocorrido no serviço de neonatologia do hospital público de Tivaouane” disse o presidente do país africano, Macky Sall, no Twitter.
Segundo o prefeito da cidade, Demba Diop, três bebês se salvaram. E acrescentou que duas enfermeiras escaparam, mas não conseguiram salvar os bebês em suas incubadoras.
O hospital Mame Abdou Aziz Sy Dabakh havia sido inaugurado recentemente, de acordo com a imprensa local.
Diali Kaba foi acordada pela mãe nesta quinta-feira, 26, com a notícia do incêndio na maternidade onde sua filha de duas semanas estava sendo cuidada. As duas correram para o local e Kaba foi autorizada a entrar para descobrir se sua filha estava entre as vítimas, enquanto sua mãe Ndeye Absa Gueye esperava angustiada do lado de fora.
“Tenho minha neta aqui, ela está aqui há duas semanas. Vim ver se ela é uma delas”, disse ela.
Alguns minutos depois, Kaba emergiu em lágrimas. Sua bebê estava entre os mortos. As duas mulheres se abraçaram, ambas chorando, até que Kaba foi ajudada a entrar em um carro e levada para casa em luto.
Indignação
Amadou Kanar Diop, especialista em risco e segurança que inspecionou a unidade, disse que as paredes estavam carbonizadas e que a equipe de plantão parecia ter ficado rapidamente sobrecarregada ao tentar conter o incêndio.
“Pode-se ver que eles usaram vários cilindros de extintores de incêndio”, disse ele à Reuters do lado de fora do hospital.
A tragédia exacerbou a indignação pública por incidentes anteriores em hospitais senegaleses. Quatro bebês morreram em um incêndio em um hospital na cidade de Linguere, no norte, no ano passado, e uma mulher e seu bebê morreram em abril, depois que um hospital lhe negou uma cesariana durante um trabalho de parto prolongado.
“Pedimos que sejam tomadas todas as medidas necessárias para evitar que uma tragédia semelhante aconteça novamente em nosso país. Nunca mais”, disse a coalizão de oposição Yewwi Askan Wi, anunciando que estava suspendendo todas as atividades políticas por 72 horas.
Especialistas em saúde pública alertaram repetidamente que muitos hospitais africanos com recursos insuficientes e falta de pessoal ficaram além de suas capacidades com a pandemia de covid-19, deixando-os incapazes de manter padrões de segurança aceitáveis.
Tivaouane, localizada a cerca de 120 km a leste da capital Dakar, é um movimentado centro de transporte rodoviário e cidade sagrada que atrai regularmente um grande número de peregrinos muçulmanos de todo o país da África Ocidental./AFP e REUTERS