Pacheco diz que proposta de voto impresso, defendida por Bolsonaro, deve se esgotar na Câmara

Presidente do Senado afirmou tendência de ideia ser rejeitada, diz que precisará ser respeitada por todos e que não admitirá retrocessos democráticos.

O presidente do senado federal, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), durante entrevista para Folha, na residência oficial do senado. . Pedro Ladeira – 09.abr.21/Folhapress/Pedro Ladeira

Por Folhapress

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta sexta-feira (6) que não admitirá “retrocessos democráticos” e que há uma tendência do Congresso Nacional a rechaçar a mudança do voto eletrônico para o impresso, como defende Jair Bolsonaro.

Se isso ocorrer, avaliou Pacheco em entrevista à GloboNews, todos “haverão de respeitar” o resultado das eleições de 2022.

Na quinta-feira (5), uma comissão especial na Câmara rejeitou o relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) favorável à PEC do voto impresso.

O parecer a favor da PEC foi rejeitado por 23 votos a 11. A seguir, o deputado Junior Mano (PL-CE) foi escolhido para fazer um novo parecer, que vai refletir a posição majoritária da comissão, contrária à mudança. O texto pode ser votado nesta sexta-feira (6).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicou que pode levar o tema à análise do plenário, mas Pacheco avalia que o caso pode ser concluído ainda na Casa vizinha.

“O que se avizinha é uma solução com a votação de ontem na comissão da Câmara dos Deputados, um reconhecimento, de que a tese do presidente, de seus apoiadores e parlamentares, é uma tese que a principio será vencida. Sendo vencida, todos aqueles que foram vitoriosos na tese, e derrotados na tese, haverão de respeitar, porque isso é democrático, o resultado das eleições de 2022”, afirmou Pacheco.

“O que não podemos é questionar a pretexto disso a lisura e legitimidade das eleições de 2022. Há uma tendência muito forte a partir dessa votação na Câmara que este assunto se encerre na Câmara. Caso não se encerre, o Senado, no seu momento oportuno, prevalecendo a maioria, decidirá a respeito desse tema”, continuou o presidente do Senado.

A declaração é dada em meio a declarações golpistas de Bolsonaro, que tem questionado a possibilidade de haver eleição no ano que vem caso o voto impresso não seja aprovado.

O mandatário tem apontado, sem apresentar provas, que pode ter havido fraude no pleito de 2018.

Enquanto defende mudança no sistema eleitoral, o presidente também partiu para o ataque contra ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Nesta sexta, na entrevista à Globonews, Pacheco repetiu que qualquer um que pregar que não haverá eleições em 2022 “será apontado como inimigo da nação”.

Ele reafirmou confiança no sistema eleitoral brasileiro e se solidarizou com os que são alvos de ataque do presidente.

“Eu reafirmo a minha confiança no TSE e na Justiça Eleitoral, mas nunca deixei de considerar a possibilidade de discutir esse tema. Agora o Congresso vai se pronunciar, e começou ontem numa comissão da Câmara dos Deputados dizendo que não se deve alterar o sistema eleitoral eletrônico no Brasil. E esse é o papel do Congresso, afirmar suas posições legislativas”, disse o senador.

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