Para conter alta de combustíveis, Bolsonaro quer ICMS fixo sobre diesel.

Hoje, o ICMS é cobrado como um porcentual do valor do combustível no momento da venda no posto.

© 2021 Getty ImagesBRASILIA, BRAZIL – JANUARY 20: Jair Bolsonaro, President of Brazil, reacts during the Air Force 80th Anniversary Celebration amidst the Coronavirus (COVID – 19) pandemic at the Brazilian Air Force Base on January 20, 2021 in Brasilia. Brazil has over 8.570,000 confirmed positive cases of Coronavirus and has over 211,491 deaths. (Photo by Andressa Anholete/Getty Images)

Por Estadão

BRASÍLIA – Em busca de uma solução para a insatisfação dos caminhoneiros com o custo do diesel, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 5, que o governo avalia um projeto para estabelecer um valor fixo de ICMS sobre combustíveis para dar mais previsibilidade aos motoristas ou a incidência do imposto estadual no preço dos combustíveis vendidos nas refinarias.

Hoje, o ICMS é cobrado como um porcentual do valor do combustível no momento da venda no posto. O valor na bomba é maior que nas refinarias. O preço dos combustíveis é formado por uma série de componentes. As refinarias impõem um valor para as distribuidoras que, por sua vez, vendem para os postos. Em todas as etapas, incidem o preço de custo e o lucro. Também há incidência de tributos federais e estaduais. O consumidor final está na última ponta dessa cadeia.

Bolsonaro deu a declaração após uma reunião com ministros e com o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, sobre maneiras de conter a disparada dos preços de combustíveis no País.

“Nós pretendemos é ultimar um estudo e, caso seja viável, seja juridicamente possível, nós apresentaremos ainda na próxima semana fazendo com que o ICMS venha a incidir sobre o preço do combustível nas refinarias ou um valor fixo para o álcool, a gasolina e o diesel. E quem vai definir esse porcentual ou esse valor fixo serão as respectivas assembleias legislativas”, afirmou o presidente.

Bolsonaro lembrou que o governo federal não reajustou q cobrança de PIS/Cofins de R$ 0,35 por litro no diesel desde janeiro de 2019.

O ICMS é um imposto estadual, cobrado sobre venda de produtos. As tarifas variam de acordo com as mercadorias. Hoje, o ICMS é cobrado no momento da venda do combustível no posto de gasolina e representa uma parcela muito grande da arrecadação dos Estados. Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o ICMS cobrado atualmente varia de 12% a 25%, sendo a média, 16%.

Bolsonaro afirmou que a mudança não terá impacto aos cofres estaduais. “Creio que não vá haver impacto no montante arrecadado por governadores. Haverá previsibilidade. Quem irá definir o quanto será cobrado de ICMS será a assembleia legislativa de cada Estado. Não vai haver interferência naquilo que é cobrado pelos governadores”, acrescentou.

Ele lembrou que hoje o ICMS cobrado nas bombas incide também sobre o PIS/Cofins, com bitributação. Bolsonaro relatou já ter conversado com o governo do Paraná, Ratinho Junior, que teria considerado a proposta “factível”. “Com essa previsibilidade, se eu estiver na fronteira entre dois Estados, conseguirei escolher onde abastecer. Isso é positivo, vai gerar uma concorrência leal e saudável entre os Estados.”

Na semana passada, a Petrobrás anunciou um novo aumento da gasolina (5%) e do diesel (4%) nas refinarias, com um preço médio de R$ 2,08 e R$ 2,12 por litro, respectivamente. Foi o segundo aumento da gasolina em 2021.

‘Jamais controlaremos os preços da Petrobrás’, diz Bolsonaro

O presidente reforçou que o governo em hipótese alguma fará qualquer interferência na política de preços de combustíveis da Petrobrás. “Jamais controlaremos os preços da Petrobrás. A empresa está inserida no contexto internacional e a respeitamos”, afirmou. “Interferência na Petrobrás existia em passado bem próximo, quando havia indicações de diretores. E nós conhecemos o Petrolão. Nossa política, sim, é de não interferir. Tanto é que o ministro das Minas e Energia indicou Castello Branco para a Petrobras e ele teve liberdade para escolher seus diretores.”

Para ele, o governo tem a obrigação de se adiantar a problemas e proporcionar as melhores políticas, baseadas na transparência e na previsibilidade. “Convoquei os ministros hoje e o presidente da Petrobrás. Nosso compromisso é tirar o Estado de cima do povo trabalhador, bem como respeitar os contratos e jamais intervir em outras instituições, como a Petrobras”, acrescentou.

O presidente citou o peso dos tributos federais e estaduais e lembrou que o preço nas bombas é mais do que o dobro do praticado nas refinarias. “O governo busca soluções como a redução dos impostos federais em cima do combustível. Mas não buscamos interferir na política dos governadores, que cabe exclusivamente a eles”, enfatizou

Mais uma vez, Bolsonaro agradeceu aos caminhoneiros que não aderiram ao movimento grevista do começo deste mês, e garantiu que o governo estaria estudando outras medidas para resolver problemas da categoria. “A política energética brasileira interessa a todos, e não só aos caminhoneiros. Nosso respeito com eles (caminhoneiros) é enorme. Agradecemos novamente a sua sensibilidade e sabemos que os caminhoneiros têm outros problemas além dos combustíveis”, destacou.

Guedes promete zerar PIS/Cofins com aumento da arrecadação

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que, apesar de desejar zerar os impostos federais sobre os combustíveis, a lei obriga que qualquer desoneração exige uma compensação de valor na arrecadação federal. “O jogo da compensação significa o compromisso com a responsabilidade fiscal”, afirmou.

“Estudamos que a compensação, inclusive, seja ao contrário. Se a economia crescer e a arrecadação subir, eu reduzo (o imposto). Vamos tirar o Estado do cangote do povo”, repetiu. “Não podemos pensar em aumentar impostos em um momento de crise.” Guedes disse que cada centavo de baixa do PIS/Cofins significaria uma redução de R$ 575 milhões para o governo federal.

Segundo ele, o governo não poderá esperar a reforma tributária – que ainda levaria meses – para atacar o problema dos combustíveis. “O Brasil se tornou um país de ambiente de negócios difícil e o presidente Bolsonaro tem urgência em resolver esse problema. A orientação é para anteontem”, acrescentou.

O presidente informou que o aumento no consumo de diesel em janeiro chegou a 19% na comparação com o mesmo mês de 2020. “Como isso aumenta a arrecadação, Guedes sugere que venhamos a diminuir PIS/Cofins”, afirmou o presidente. “Como o ICMS estadual é aplicado na bomba, estão cobrando o ICMS sobre o PIS/Cofins. Não vamos interferir no valor do ICMS, essa decisão é do governador. Mas queremos previsibilidade. A questão do gás não está fora disso também”, completou.

Compartilhe esta notícia!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pt_BRPortuguese