Hoje, o Porto das Barcas é um patrimônio histórico de Parnaíba, rica de cultura e muita história.
Edição: Prefeitura Municipal de Parnaíba
No início do século XVIII, por causa da Carta Régia de 1701, só era permitida a criação de gado a uma distância de 10 léguas do litoral. A economia da futura província do Piauí era interiorizada uma vez que a pecuária era sua base. Além disso, essa determinação obrigou comerciantes e contrabandistas a usarem o rio Parnaíba como via transportadora já que era inviável o doloroso trajeto terrestre.
Parnaíba se tornou ao longo de sua história a maior bacia leiteira do estado do Piauí. A cidade sedia duas empresas laticíneas: Longá e Betânia.
Diante disso criou-se um entreposto para a guarda de animais e acondicionamento da carne bovina. A esse local foi dado o nome de Porto Salgado ou das Barcas que acabou propiciando o desenvolvimento de uma indústria charqueadora na região e de um dos núcleos que deram origem a cidade de Parnaíba. O outro núcleo gerador da cidade foi o arraial Testa Branca que anteriormente era uma grande fazenda de gado.
A escolha da sede da nova vila recai sobre a povoação de Testa Branca que passou a chamar-se de Vila de São João da Parnaíba em 18 de agosto de 1762. Nesta época o povoado contava apenas com quatro residências, oito brancos livres e onze escravos. Enquanto no interior da vila o número de residências era 330, e contava-se com 1.747 brancos livres e 602 escravos.
Essa atitude do governador João Pereira Caldas de elevar a sede da vila na localidade Testa Branca, foi por demais incompreendida, uma vez que no Porto das Barcas já existia o Pelourinho, símbolo da autonomia municipal. Para desenvolver o povoado Testa Branca havia o compromisso firmado pelos comerciantes junto ao governador durante a fundação, que era de construir 59 casas, mas que tal acordo nunca foi cumprido. Ao contrário: em 1769 a Câmara, instalada no Porto das Barcas, proíbe novas edificações em Testa Branca.
O Porto das Barcas – antes denominado Porto Salgado – situado à margem direita do Rio Igaraçu, prosperou devido a grande agitação de embarcações, tornando-se numa feitoria crescente do comércio que teve notável impulso, administrado pelo português João Paulo Diniz, proprietário de oficinas de carnes secas, situadas a 80 léguas da foz do Rio Parnaíba; aquele trazia em suas sumacas (barcas) gêneros alimentícios e charque para enriquecer o comércio de Parnaíba.
O Complexo do Porto das Barcas é um dos espaços históricos mais bem conservados do município. Sede da Federação do Comércio do Piauí e da Associação Comercial e Industrial de Parnaíba, o local abriga bares, sorveteria, pousada e lojas de artesanato. No passeio é possível reviver parte da história ao caminhar pelas ruínas e paredões construídos pelos escravos com pedras, cascalho de ostras e óleo de baleia.