Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defende a convocação dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda.
Por Estadão
BRASÍLIA – Mais dois ministros do governo Jair Bolsonaro poderão ter de comparecer à CPI da Covid para prestar depoimento aos senadores. O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defende a convocação dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda.
“Já fizemos (requerimento) para convocar a Flávia. Tem de convocar até o ministro da Justiça porque ontem, o que ele fez, o que ele falou à Revista Veja, é uma ameaça ao funcionamento da CPI”, declarou o senador ao Estadão.
Randolfe fez referência à entrevista publicada nesta sexta-feira, 30, na qual o ministro Anderson Torres afirmou que vai pressionar a Polícia Federal a obter dados sobre a destinação de recursos federais contra a covid-19 nos Estados.
“Há muitos casos sob investigação nos Estados desde o início da pandemia. O problema é que isso não está sendo falado. Eu vou pedir esses dados à Polícia Federal, tudo o que já foi feito. Há várias operações em andamento. Isso precisa ser mostrado. As pessoas têm de tomar conhecimento disso também”, disse o ministro à Veja.
Denúncias sobre desvio de recursos federais enviados a Estados e municípios para o combate à pandemia têm sido usadas pela tropa de choque bolsonarista para tirar o governo federal do foco da CPI. Mas o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), tenta evitar que a mira da CPI recaia sobre governadores e prefeitos – ele é pai de Renan Filho, governador de Alagoas – e afirma que a CPI tem fato determinado. “Não é CPI do fim do mundo”, disse.
Já a convocação de Flávia Arruda se justificaria, segundo Randolfe, pelo fato de que uma servidora da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Governo, Thais Amaral Moura, foi identificada como autora de requerimentos apresentados à CPI pelos senadores governistas Ciro Nogueira (Progressistas-PI) e Jorginho Mello (PL-SC).
Renan concorda com a convocação dos ministros, mas avalia que novos requerimentos só devem ser votados após a oitiva dos ministros da Saúde. Nesta semana, os membros da CPI aprovaram requerimento para ouvir os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, além do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Eles devem prestar depoimento na próxima semana.
“O pessoal quer convocar (a servidora). O Randolfe falou em convocar. É provável, mas os requerimentos de convocação só deverão ser votados depois das audiências”, afirmou o senador. Renan também disse que há intenção de aprovar um requerimento para convocar Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência.