Rodrigo Pessoa é convocado para sua sétima Olimpíada no hipismo

O time de saltos foi anunciado pela Confederação Brasileira de Hipismo nesta segunda-feira (5).

Montando o famoso cavalo Baloubet Du Rouet, Rodrigo Pessoa ficou inicialmente com a medalha de prata em Atenas-2004, mas ela virou ouro após o doping do cavalo do irlandês Cian O’Connor. AFP/Jochen Luebke – 27.ago.04

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cavaleiro Rodrigo Pessoa, 48, está convocado para representar o Brasil em sua sétima Olimpíada. O time de saltos foi anunciado pela Confederação Brasileira de Hipismo nesta segunda-feira (5).

Além de Pessoa e de seu cavalo, Carlitos Way, o técnico suíço Philippe Guerdat escolheu os conjuntos Marlon Zanotelli/VDL Edgar, Luiz Francisco Azevedo/Comic e Yuri Mansur/QH Alfons Santo Antonio para formar a equipe. Todos são estreantes olímpicos.

Nos Jogos de Tóquio, as equipes terão três titulares e um reserva, que poderá ser escalado após o início da competição. Ainda não há uma definição sobre esses papéis no time brasileiro. O conjunto Bernardo Alves/El Torreo de Muze ficará como suplente e será acionado apenas caso haja algum problema durante a quarentena dos animais.

Outra novidade dessa edição olímpica é que não haverá descarte de nota, sendo computados os três resultados. Anteriormente, entravam quatro conjuntos e a cada rodada havia o descarte do pior resultado. Outra mudança é que a disputa individual, nos dias 3 e 4 de agosto, antecederá a por equipes, dias 6 e 7.

Rodrigo Pessoa, o velejador Robert Scheidt, 48, e a jogadora de futebol Formiga, 43, irão para sua sétima Olimpíada de verão. A ciclista Jaqueline Mourão, 45, também fará sua sétima participação em Jogos, considerando edições de verão e inverno.

Campeão olímpico em 2004 e medalhista de bronze com a equipe do Brasil em 1996 e 2000, Rodrigo Pessoa foi escolhido para carregar a bandeira do país em Londres-2012. Sua história nos Jogos, porém, sofreu um abalo antes da edição de 2016, realizada no Rio.

O americano George Morris, então técnico do time brasileiro, convocou Rodrigo Pessoa como reserva. A principal justificativa era que o veterano não possuía um cavalo à altura na comparação com os quatro conjuntos titulares.

O cavaleiro considerou a decisão injusta, preferiu abrir mão da posição de substituto e ficou fora de uma Olimpíada pela primeira vez desde a sua estreia, em 1992.

“Você precisa de tempo e apoio para digerir um tranco violento desses, mas o mais importante é se ocupar com outra coisa. O trabalho com a Irlanda foi primordial para conseguir me afastar um pouco da equipe brasileira. Dar um passo atrás foi bom para agora enfrentar novas aventuras com eles”, afirmou Pessoa ao jornal Folha de S.Paulo em 2019.

Depois da Rio-2016, sua principal realização foi treinar a equipe da Irlanda e conduzi-la a um título europeu. Ele continuou montando para se manter em forma e conseguiu encontrar um cavalo que lhe possibilitou formar um conjunto competitivo.

A principal aposta de destaque individual da delegação brasileira é Marlon Zanotelli, 33, campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 no individual e com a equipe, formada na época também por Pedro Veniss, Rodrigo Lambre e Eduardo Menezes.

O maranhense nascido em Imperatriz (cidade de cerca de 360 mil habitantes a 633 km de São Luís) tem uma trajetória marcada pelo esforço seu e de sua família para se destacar no esporte. O pai chegou a dirigir por quatro dias para levá-lo a competições e depois vendeu o carro para conseguir comprar passagens.

“Hoje [no esporte] há muitos casos como o meu. No Brasil, bem menos, porque rotulam o hipismo como algo para rico, que só consegue chegar e acontecer quem é rico. É um esporte de alto nível, sim, mas caro como muitos outros. Sou de família normal e o meu exemplo mostra que é possível acreditar”, disse à Folha de S.Paulo em junho. “Devo tudo, de verdade, aos meus pais.”

Além da pandemia da Covid-19, o hipismo conviveu recentemente com a sombra de um surto do vírus de herpes equino (EHV-1), que matou 17 cavalos e chegou a colocar em xeque a modalidade em Tóquio. A instabilidade provocou quarentena entre os animais na Europa para evitar a disseminação da doença.

“Já estávamos passando por uma grande quantidade de testes envolvendo toda a equipe, tratadores e veterinários constantemente. A doença atingiu muitos cavalos, reduziu os eventos. Tivemos ainda mais esse problema. Graças a Deus, não atingiu os meus. Tivemos duas quarentenas ao mesmo tempo, foi difícil”, relatou Zanotelli. “Pararam tudo para que o vírus fosse controlado.”

O vírus equino não afeta humanos, mas é de rápido contágio, transmitido pelo ar e encontrado em diversas partes do mundo. A nova cepa foi registrada em Valência, na Espanha, levando cavalos a distúrbios respiratórios, febres e problemas neurológicos.

No hipismo adestramento, o Brasil terá a participação de João Victor Oliva, filho da ex-jogadora de basquete Hortência. A equipe do Conjunto Completo de Equitação ainda não foi anunciada.

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