Sofia Liberato viralizou nas redes ao reclamar que não ganhou Porsche
Por F5
“Eu pedi para a minha tia a Porsche que eu sempre sonhei ter. Ela disse que falou com a promotora, e ela disse que eu não poderia ter esse carro por ser de luxo para uma criança de 17 anos, e também ser muito caro. Eu achei isso muito estranho, mas achei um carro mais barato. Acabei comprando um pela metade do preço. Realmente, não fiquei feliz”.
Essas declarações são de Sofia Liberato, 17, e aparecem em um vídeo divulgado pelo colunista Leo Dias, do site Metrópoles, na quarta (25). O vídeo é longo, com mais de 18 minutos de duração, e Sofia aparece ao lado de sua irmã gêmea Marina fazendo uma série de acusações contra a tia Aparecida, irmã do pai das garotas: o apresentador Gugu Liberato, morto em 2019, aos 60 anos de idade, num acidente doméstico.
O desejo frustrado de Sofia por um Porsche imediatamente viralizou nas redes sociais. No Brasil de 2021, em que muita gente implora por ossos nas portas dos açougues, o capricho da adolescente caiu especialmente mal. Muita gente achou que as irmãs tinham gravado o vídeo para postá-lo em suas próprias redes, e acusou a dupla de falta de noção e insensibilidade.
A verdade é um pouco mais complexa. O vídeo na verdade era destinado a um juiz (a quem as meninas se referem por “excelência”), e faz parte da batalha legal em torno do espólio do apresentador. Sofia e Marina defendem que a mãe, Rose Miriam di Matteo, seja reconhecida pela Justiça como companheira de Gugu, e não apenas uma amiga com quem ele teve filhos. Aparecida discorda, dizendo que esta nunca foi a vontade do irmão.
Os advogados de Sofia e Marina alegam que o vídeo foi vazado. Por quem? As próprias gêmeas juram não saber, mas dá para suspeitar. Se o objetivo era pintá-las como meninas mimadas e gananciosas e fazer a opinião pública se voltar contra as duas, pode-se dizer que foi plenamente alcançado.
O que estamos assistindo é mais um episódio lamentável de uma briga feia, que se arrasta há quase dois anos e não tem hora para acabar. Gugu Liberato deixou uma fortuna considerável, da qual 75% deveriam ir diretamente para seus três filhos. O resto seria dividido entre sua mãe, seus irmãos e seus sobrinhos. Rose não foi incluída em nenhum testamento.
Hoje sabemos que o apresentador tinha um namorado quando morreu, o chef Thiago Salvático, e que nunca teve uma ligação romântica com a mãe de seus filhos. No entanto, ele e Rose costumavam viajar com os filhos, ou passar datas festivas juntos. Há fotos em profusão que mostram todos felizes, como uma família convencional. Também há relatos de ex-namorados que sugerem, no mínimo, que Gugu levava uma vida dupla.
A família está pagando, quase dois anos depois da morte do apresentador, o preço por ele não ter deixado claro em vida quem era quem no seu entorno familiar. Detalhes de sua intimidade, que ele lutou por tanto tempo para esconder, estão vindo à tona da pior maneira possível.
Ele poderia ter agido de outra maneira? Certamente, mas Gugu Liberato também foi fruto de seu meio e de seu tempo. Era inconcebível, até bem pouco tempo atrás, que um astro de seu quilate fosse abertamente homossexual.
Os tempos mudaram. O Brasil de hoje tem até mesmo um governador gay, Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e as posições de boa parte da sociedade quanto à diversidade sexual já são bem diferentes que as de 30 ou 40 anos atrás.
Mas a homofobia persiste, provocando desde mortes violentas de travestis até batalhas judiciais em torno de dinheiro. Neste contexto trágico, uma adolescente reclamar que não ganhou um Porsche chega até a ser engraçado.